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Sermão Eleição por C. H. Spurgeon - Parte 5

Continuação: 

VI. Agora, por último, o que são tendências verdadeiras e legítimas sobre corretas concepções acerca da doutrina da eleição. Primeiramente, quero lhes dizer que, quando a doutrina da eleição santifica, assim procede sob a bênção de Deus; e segundo, o que ela fará por pecadores se Deus os abençoar para tal fim.

Primeiro penso que a eleição, para um santo, é uma das doutrinas mais despojadoras em toda a Terra – por levar embora toda a verdade na carne, ou toda segurança em qualquer um exceto em Jesus Cristo. Quão frequentemente nos enrolamos em nossa própria justiça, e nos revestimos com as falsas pérolas e brilhantes de nossos próprios feitos e obras. Começamos a dizer: "Agora eu estaria salvo, porque tenho essa e aquela evidência". Ao invés disso, é a fé desnuda que salva; aquela fé, aquela que se une solitariamente com o Cordeiro, independentemente de obras, embora seja fecunda para elas. Quão frequentemente descansamos em algumas obras, outras que não aquelas do nosso próprio Amado, e cremos em algum poder, outro que não aquele que vem do alto. Agora, se tivermos esse poder tirado de nós, precisamos considerar a eleição. Aquiete-se, minh’alma, e considere isto. Deus te amou antes de teres um início. Ele te amou quando estava morto em teus delitos e pecados, e enviou Seu Filho para morrer por ti. Ele te lavou com Seu precioso sangue antes mesmo de poderes pronunciar Seu nome. Podes, porquanto, estares orgulhoso? Nada tenho, digo bem, nada, por tão humilhante para nós do que a doutrina da eleição. Algumas vezes caí prostrado ante ela, ao esforçar-me para compreendê-la. Estendi minhas asas e, como uma águia, elevei-me em direção ao sol. Utilidade tinha sido meus olhos, e verdade minhas asas, por uma estação; mas, quando eu me aproximei disso, e outro pensamento tomou conta de mim, - "Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação", eu estava perdido em seu brilho, vacilante com o pensamento de poder; e da vertiginosa elevação minh’alma veio, quebrantada e prostrada, dizendo, "Deus, nada sou, sou menos que nada. Por que eu? Por que eu?"

Amigos, se quiserem ser humilhados, estudem a eleição, para que sejam humilhados debaixo da influência do Espírito de Deus. Aquele que é orgulhoso de sua eleição não é eleito; e aquele que é humilhado debaixo de um entendimento da mesma pode crer que é. Ele tem toda razão para acreditar que é, porque esse é um dos mais abençoados efeitos da eleição que nos ajuda a humilhar a nós mesmos diante de Deus.

Demais. A eleição, no cristão, deve dele fazer muito destemido e audacioso. Nenhum homem será tão audacioso quanto aquele que crê ser eleito de Deus. Que inquieta ao homem se ele é eleito do seu Criador? Inquietar-se-á ele com os lamentáveis gorjeios de alguns decrépitos pombos quando sabe ele que é uma águia de real estirpe? Inquietar-se-á quando o maltrapilho o apontar, quando o real sangue do céu corre por suas veias? Temerá se todo o mundo está contra ele? Se o mundo todo, de modo amplo, se põe em armas, ele permanece em paz perfeita, por estar no lugar secreto do tabernáculo do Altíssimo, no grande pavilhão do Todo-Poderoso. "Sou de Deus", diz ele, "sou diferente dos outros homens. Eles são de uma raça inferior. Não sou eu nobre? Não sou um dos aristocratas do céu? Meu nome não está escrito no livro de Deus?" Importa-se ele com o mundo? Pelo contrário: como o leão que não se inquieta com o latido de um cão, ele sorri para todos seus inimigos; e quando avizinham-se eles em demasia, move-se e os despedaça. Quem o preocupa? Passa por entre eles como um colosso; enquanto homenzinhos andam por baixo dele e não o compreendem. Sua fronte é de ferro, seu coração de pedra polida – que lhe importa o homem? Ao revés; se algum assobio universal viesse sobre toda a Terra, ele poderia para isso sorrir, e dizer:

"Ele que tem feito de Deus seu refúgio,
Encontrará um mais seguro abrigo".

"Sou um dos Seus eleitos. Sou escolhido de Deus e precioso; e embora o mundo me mande embora, não tenho medo". Ah! Vós, professos bajuladores, alguns de vocês podem se curvar como os salgueiros. Há poucos cristãos-de-carvalho hoje em dia, que podem suportar a tempestade; e vou lhes dizer a razão. É porque não acreditam que vocês mesmos são eleitos. O homem que acredita ser eleito será muito presunçoso para pecar; ele não se humilhará para cometer os atos das pessoas comuns. O crente em sua verdade dirá, "Eu vou comprometer meus princípios? Eu vou mudar minhas doutrinas? Eu vou deixar de lado meus pontos-de-vista? Eu vou esconder que o que creio seja verdade? Não! Desde que sei que sou um dos eleitos de Deus, na face de todos devo falar a verdade divina, o que quer que digam." Nada faz um homem tão verdadeiramente audacioso do que sentir que é um eleito de Deus. Aquele que Deus escolheu não se agitará nem tremerá.

Ademais, a eleição nos fará santos. Nada debaixo da graciosa influência do Espírito Santo pode fazer um cristão mais santo do que no momento em que ele pensa ser escolhido. "Devo eu pecar", ele diz, "depois de Deus ter me escolhido? Devo eu transgredir diante de tal amor? Devo eu me desviar diante de tal afeto e misericórdia compassiva? Pelo contrário, meu Senhor; desde que me escolhestes, amar-te-ei; para ti viverei:

‘Desde que tu, eterno Deus,
Meu Pai viestes a ser;’
Dar-me-ei para ti para ser teu para sempre,

Pela eleição e redenção, entregando-me a ti,

E solenemente consagrando-me para Teu serviço."

E agora, por último, aos ímpios. Que diz a eleição para você? Primeiramente, ímpios, eu vos excluirei por um momento. Há muitos de vocês que não gostam da eleição, e não vou lhes repreender, por terem ouvido aqueles [homens] pregarem sobre eleição, os que tem se assentado, e dito: "não tenho nada para dizer ao pecador". Agora, eu digo que vocês devem odiar tal pregação, e não vou lhes repreender por isso. Mas digo, tenham coragem, tenham esperança, ó pecadores, que há eleição. Muito longe de desanimar-lhes e desencorajá-los, a eleição é algo cheio de esperança e de alegria. Que seria se vos dissesse que talvez ninguém pudesse ser salvo, ninguém seria destinado à vida eterna; não tremeríeis e envolveríeis vossas mãos em falsas esperanças, e diríeis, "então como eu posso ser salvo, uma vez que ninguém é eleito?" Mas eu digo que há uma multidão de eleitos, além de qualquer contagem – um exército que mortal algum pode enumerar. Assim, anime-se, pobre pecador! Livre-se de teu desalento – você pode não ser um eleito tanto quanto qualquer um? Por isso há uma hoste inumerável de escolhidos. Para eles há conforto e alegria! Então, não apenas crie coragem, mas vá e tente o Mestre. Lembre-se, se você não fosse eleito, nada perderia por isso. O que os quatro sírios disseram? "Vamos, pois, agora, e demos conosco no arraial dos siros; se nos deixarem viver, viveremos; se nos matarem, tão-somente morreremos." Ó pecador, venha para o trono da misericórdia eletiva, talvez morrerás aonde estás. Vá para Deus; e, mesmo supondo que ele te menospreze, ou que sua mão estendida possa a ti afugentar – algo impossível – ainda assim não perderás nada; não serás mais maldito por isso. Ao mesmo tempo, suponhas que sejas maldito, terias a satisfação, ao menos, de ser capaz de erguer teus olhos no inferno e dizer: "Deus, eu clamei por misericórdia a ti e tu não ma garantiste; procurei, mas tu a recusaste." Isso nunca dirás, ó pecador! Se fores a ele, e clamar-lhe, ele te receberá; nunca ele rejeitou um sequer! Não há esperança para você? Embora haja um número delimitado, é verdade que todo aquele que procurar está contido nesse número. Ide e procurai; e se fores o primeiro a ir para o inferno, diga aos demônios que desse modo pereceu – diga aos demônios que és um perdido, depois de ter ido como um pecador culpado a Jesus. Digo-vos que isso desgraça o Eterno – com reverência ao seu nome – e ele não permitirá tal coisa. Ele é ciumento em sua honra, e não permitirá que um pecador diga isso.

Mas, ó pobre alma! Não apenas pense assim, que nada podes perder ao ir; há mais um pensamento – amaste a reflexão dessa manhã sobre a eleição? Admitirás sua justiça? Dirás: "sinto-me perdido; mereço isso; e se meu irmão é salvo, eu não posso murmurar. Se Deus me destrói, eu mereço, mas se ele salva a pessoa que está assentada ao meu lado, ele tem o direito de fazer o que deseja por si mesmo, e eu nada perdi com isso." Você pode dizer que isso [veio] honestamente do seu coração? Se sim, então a doutrina da eleição teve o efeito certo no seu espírito, e você não está longe do Reino dos Céus. Você foi trazido aonde deveria estar, aonde o Espírito desejou que estivesse; e sendo assim nessa manhã, ide em paz; Deus perdoou seus pecados. Você não sentirá como se não fosse perdoado; você não sentirá se o Espírito de Deus não tivesse trabalhado em você. Regozije-se nisso, então. Descanse sua esperança na cruz de Cristo. Não pense na eleição mas, sim, em Cristo Jesus. Descanse em Jesus - Jesus, o princípio, meio e sem fim.

C. H. Spurgeon


Fonte: Monergismo
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